segunda-feira, 26 de maio de 2008

da síndrome do "respeito"



Havia seis santos embaixo da ponte

Um rato veio e comeu suas cabeças
Então, o rato é o verdadeiro santo.

Se o rato é um santo por que o gato o come?
Então, o gato é o verdadeiro santo.

Se o gato é o santo por que o cão o come?
Então, o cão é o verdadeiro santo.

Se o cão é o santo por que o lobo o come?
Então o lobo é o verdadeiro santo.

Se o lobo é o santo por que o fogo o mata?
Então o fogo é o verdadeiro santo.

Se o fogo é o santo por que a água o apaga?
Então a água é o verdadeiro santo.

Se a água é o santo por que o homem a bebe?
Então o homem é o verdadeiro santo.

Se o homem é o santo por que ele reza para os santos?

Provérbio budista

Seria certo falar em nossa natureza? Há poucos minutos vi no jornal local a chamada falando sobre o caso da agressão que sofreu o engenheiro da eletrobrás paulo fernando rezende.

Não vou me apressar e dizer que acho isso ou aquilo. Os kaiapós - e as outras comunidades indígenas - não são animais que devem ser "bem-tratados" e ai eles se comportam. A eles deve-se o respeito como a qualquer outro ser humano. Mas o que me impressionou foi a declaração do delegado da polícia federal (não atentei para o nome dele) que disse que: "a questão é definir se o facão é considerado ou não parte da cultura dos índios".

Discordo dele, não é essa a questão. Enquanto não pararmos de ver as organizações sociais diferentes da nossa pelos nossos olhos, estaremos apenas brincando de respeitar. O bispo dom erwin krautler disse o seguinte sobre o que aconteceu: "Tenho que dizer que o homem não usou de pedagogia para com os povos indígenas. Ele não entendeu a alma kaiapó, senão não teria acontecido nunca um incidente como este".

Se o homem é santo por que ele reza para os santos? É sua natureza? Ou seu costume?


sexta-feira, 23 de maio de 2008

da síndrome do "d&d 4ª edição" ou do "sempre sonhar"

No último final de semana ao redor do brasil (28 cidades) houve um evento chamado "dia d do rpg". Um espaço dedicado a mesas e palestras falando sobre o tema. Não fui.

A estrela do evento foi o d&d 4ª edição. Vou falar o banal e dizer que o sistema d20, ou d&d, estava carregado de críticas desde o lançamento da versão 3.5, que foi um conjunto de modificações executadas na 3ª edição que na realidade não representaram grandes mudanças ao sistema - fala isso pra um ranger/monge. O dia d do rpg era uma forma de apresentar em grande escala o que é a 4ª edição do sistema mais amado por milhares de jogadores ao redor do mundo (eu inclusive), ao menos foi isso pra nós aqui no brasil. A lista de patrocinadores envolvia devir, wizards, white wolf, yamato dentre muitos outros.

Um pequeno documento em português foi disponibilizado para download no site do evento. Não vou tecer comentários demorados (até porque não fui ao tal evento como disse), se eu fosse provavelmente iria exagerar. Sou muito fã do trabalho da wizards e gostei das modificações, é um novo universo, amplíssimo!

Na última semana estive afastado do blog, estive estudando e, aproveitando o final de semana prolongando, resolvi voltar. Uma das minhas ocupações, foi dar forma as várias vozes na minha cabeça, foi viajar na velocidade do pensamento por túneis de pedra sobre cidades majestosas. Sou o mais nerd dos nerds falando isso: eu adoro rpg, é como sonhar.

Se todos os planos derem certo, mais uma faceta dessa síndrome que cai sobre mim vai se revelar. Um blog especializado em rpg, com crônicas, disponibilização de livros, revistas, suplementos e o que mais me vier a cabeça. Tentando facilitar a obtenção de meios que permitam uma maior democratização dos veículos de narrativa de vários sistemas. Por enquanto estou apenas juntando acertos*, mas quem sabe logo.




*é uma mecânica dos sistema d20 que representa uma certa quantidade de sucessos em diversos testes e planejamentos que um criador de determinado item ou magia deve possuir minimamente.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

da síndrome das "tribos"

Sem colocar grandes acréscimos à história, isso é o que somos: sangue, carne e dentes. São nossas partes mais frágeis e as que mais cuidamos. Tá, tudo bem sei que estou exagerando, mas é que levando em consideração o que ocorreu estou sendo até razoável.

"Oclusivo 17 e 18", acho que foi assim que o odontólogo chamou a dor que eu estava sentindo. Meus dentes, o 17 e 18 (?) traíram a fidelidade que cobrava deles e trincaram, quebraram de dentro pra fora, talvez por causa de um choque talvez por causa do mau cuidado que dispensei a eles. O fato foi, que por minha falta de cuidado, em protegê-los ou limpá-los, eles ruíram, e eu com eles.

Minha noiva diz que eu sou um frouxo para dor, ela está certa. Deus! Como isso dói! Não consigo pensar com essa dor, até mesmo o circular do meu sangue dói! Tentando esquecer a dor - vou voltar no odontólogo hoje - esbarrei (um termo mais comum do que o esperado nessa situação) com coisas nessa blogosfera da vida. O blog é o anel de caveira, um dentre tantos blogs que fico lendo pra passar o tempo. Lá encontrei uma postagem sobre tipos de nerd.


1. O fã

2. O fanático musical

3. O gamer

4. O cara das bugingangas eletrônicas

5. O hacker

6. O otaku

Lembre-se, bom humor, não leve muito a sério (ele usou uma classificação simplista), e dê uma forra e vá ler a descrição in loco. Ele retirou as classificações e imagens do
manual geekster da wired.

Eu acho que, pelo menos em parte, me encaixei em 3 classificações - fã, gamer e otaku, com ressalvas a descrição que ele fez. Todos nós nos colocamos em "tribos", pela necessidade de não nos sentirmos isolados, pela necessidade de encontrar semelhantes ou pelo menos de compartilhar, é claro que tudo isso pode estar errado, afinal isso é senso comum em relação a tribos sociais. Auto-afirmação? Necessidade de dividir? Ou apenas uma convergência de interesses? A única coisa que me vem a cabeça agora: Cara, como meus dentes doêm!



terça-feira, 13 de maio de 2008

da síndrome de "fratellis"


Faz uns meses que comentei sobre o novo rock inglês e cá estou de volta. Mas fratellis tem um som muito específico - e não só por ser escocesa, muito diferente. São 4h11m da manhã e eu deveria estar "quase" acordando, ou pelo menos ajudando a montar a formatação pra uma monografia que devemos entregar dentro de 3h, mas se estou operacional o suficiente pra escrever, para o mal e para o bem, devo isso a for the girl do fratellis. Assim que você ouvir a primeira música você vai compreender o que quero dizer.

A primeira apresentação foi num bar (o'henry) em glasgow em 4 de março de 2005. O som é indie rock, acho que no caso de fratellis posso dizer que um rock "pra cima". Foram considerados como uma das bandas mais promissoras da grã-bretanha em 2005 e em 2006 lançaram o primeiro disco (the fratellis ep), uma boa forma de medir a repercussão do disco é saber que, à época do lançamento, pra comprar um, você teria que estar disposto pegar um usado (a tiragem foi muito baixa) e gastar em torno de R$ 120,00 no ebay.

Se você curte indie, ou se não, fratellis pode fazer você mudar de opinião, reclamam muito que o som é "bolo de caixa", com receita pronta e que parece música de "auto-ajuda". Não é bem assim, algumas letras são mais despretensiosas e com certeza o som é feito de um jeito bem leve, mas ainda assim forte (leve e forte... alumínio então né?). Mas os solos são incríveis e a leveza da música é o que te permite entender a música e a tal força do estilo deles. Foi como eu defini antes, pra mim, fratellis é muito divertido. Perfeito pra madrugadas de terças-feiras. No entanto tem efeitos colaterais:



Se eu fosse fazer uma lista de coisas estúpidas que são divertidíssimas, isso ia entre os 5 primeiros. Bom espero que não precisem de mim no trabalho por hora, vou pular na rua.


playlist:

baby fratelli,
for the girl,
chelsea dagger (a música do vídeo),
henrietta,
whistle for the choir.

domingo, 11 de maio de 2008

da síndrome de "berserk"



Ainda ontem tive uma discussão bem interessante com a natsumi-sama sobre "berserk". Em uma dessas noites em que não tenho o que escrever vim aqui e fiz mais uma conjunção de relatos do que per si uma narração ao menos. Acho que hoje posso falar melhor sobre isso.

Berserkers eram guerreiros de origem nórdica, o termo vem da palavra "beresark" que designava uma casta de guerreiros (assim como os ulfsarks), os primeiros era vistos como tendo a incrível capacidade de, mesmo sem armaduras, repelir as armas e ataques dos inimigos. Um aproximação do mito nórdico de baldur que, a semelhança de aquiles, teria sido protegido pelos deuses (aquele com o juramento de todas as cosias, este com o banho no estige, depende da versão as "proteções" mudam). Alguns estudiosos crêem que a condição de fúria de um berserk era fruto da ingestão de cogumelos alucinógenos que os garantiam maior resistência a dor. O fato, é que berserkers pensavam coma espada, e nesse ponto o nome para o seinen é bastante apropriado.

Vários aspectos da conversa de ontem me fizeram pensar sobre a série. Primeiro, a série foi primeiramente editada em 1988, num concurso de escola em que miura conseguiu ser vencedor apresentando um protótipo de 48 páginas de berserk. Apenas 2 anos depois, a hakusensha começou a lançar alguns volumes não seriados, 4 ao todo. Foi apenas em 1992 que a série foi lançada oficialmente, e ainda é até hoje, a cada segunda e quarta sexta-feira do mês. E qual é o grande problema de berserk? Afinal uma série que dura mais de 16 anos deve ser boa certo? Nem sempre.

A história de berserk é sobre um órfão que aprendeu desde cedo a combater como única forma de pensar, seu nome é guts (ou gatsu). Ele se une a um exército mercenário chamado "taka no dan" - o bando do falcão - lá ele faz novas e firmes amizades e a série se foca no relacionamento de guts com griffith (líder do taka no dan) e caska (uma das comandantes). Até ai surge a grande pergunta, o que há de novo? Um cara usando uma espada grande que faz grandes amigos e que dentre estes sairá seu inimigo, vemos esse conceito em final fantasy (quase todos os antagonistas já tiveram uma relação de a amizade com alguns dos protagonistas). O que há de novo foi o quando.

Quem acompanhou alguns dos seinens/shounens e mesmo jogos de rpg mais recentes vai ver isso, claymore, final fantasy, naruto, bleach, a mesma seqüência de estereótipos nos temos em berserk. Mas a grande capacidade da série, na minha opinião aleijada de quem gosta, é fazer a história ultrapassar isso. Temos personagens sôfregos é verdade, a exemplo a caska e o próprio guts, que representam um ideal machista e extremamente simplista da personalidade feminina em um mangá ou anime. Mas a obra é ampla, limitada, mas ampla. Vale a pena ler e assistir, de certo que não é o melhor anime do mundo (na minha opinião fullmetal o é, empatado com suzumiya) e nem eu acho isso. Mas ainda assim vale a pena, pode ser que você não goste e nunca vá gostar (como a natsumi-sama por exemplo rs), mas vale a pena tentar. Ao menos você vai ajudar a alguém que tenha gostado tanto assim da série, a "ver" melhor a obra, como foi o que aconteceu comigo.

Quão interessante nos seria poder rever nossos gostos, crenças e opiniões de vez em quando não? Ou será que não? Enfim, seguir cegamente com sua opinião formada imune a críticas, ou repensar seus gostos, mudar. Ambas são a síndrome de berserk.




quinta-feira, 8 de maio de 2008

da síndrome sem nome

Berserk é um manga/anime do tipo seinen (temas fortes geralmente indicado pra grupos mais maduros) de miura kentaro (1988) que posteriormente foi adaptado pra anime. Já recebi muitas críticas positivas e negativas sobre o manga. O fato é que estou gostando muito!

Trata sobre a crueza do espírito humano e sobre o que vale a pena se apegar, sobre quanto vale um sonho e sobre os sacrifícios que são necessários. Eu estava me esquecendo disso dos sacrifícios...

Fico me perguntando o quão longe vamos por um sonho... Quando comecei a escrever, não sabia sobre o que ia falar... apenas fui escrevendo, ia nomear essa síndrome de "impressões noturnas", mas não seria o nome correto. Afinal eu apenas fui escrevendo...

Então uma piada, o batman e o coringa conversavam depois que o batman havia frustrado os planos dele e resgatado o comissário gordon da tentativa do coringa de enlouquecê-lo. O batman diz: Você sabe onde isso vai nos levar... um dia seguiremos por um caminho que não vai ter volta.. É hilário mas eu lembrei de uma piada, é a resposta. Dois loucos tentavam escapar do hospício, um deles pulou pro outro lado e chamou seu companheiro, este disse que tinha medo e não conseguia pular, o primeiro assegurou que ele manteria a luz da lanterna acesa e que o amigo poderia cruzar por ela.

- Você é louco? E se você apagar a luz?

...

o batman riu.


terça-feira, 6 de maio de 2008

da síndrome de "john ford"

Opa! Segundo post seguido falando de filmes, pelo jeito isso aqui vai ficar parecendo um blog de cinema - ha! That'll be the day! (Até parece...)

***

Sendo rápido, john ford é um gênio! Os traços de sua obra estão vivos até hoje. Há poucos minutos estava lendo um blog de amigos, eles fizeram uma lista de heróis e colocaram no topo dela o batman. Concordo com eles, e se eu concordo devo a john ford.

Ele foi um dos primeiros diretores a destacar o personagem amoral, que não tem vergonha de odiar seu inimigo, de cumprir votos vencidos e enxergar a futilidade de certos "luxos" civilizados. E se estou falando isso foi graças a volta do "cinema na casa", um conjunto de exposições de filmes, nos moldes de um cineclube (ou seja na faixa, de graça, sem pagar nada e totalmente gratuito), todas as terças-feiras as 18h30m na "casa da linguagem", em frente a yamada na avenida nazaré (logo no início) ao lado do prédio do inss, n.° 31, coordenadas no google earth 34 08 00.40 N 118 19 17.28 W. Durante todo o mês de maio, será o ciclo john ford. As quatro exibições serão:

“rastros de ódio”, (foi hoje)
“paixão de fortes”, (13/5)
“o homem que matou o facínora” (20/5) e
"no tempo das diligências" (27/5),

Uma das cenas que mais me encanta é quando o personagem de john wayne (ethan andrews) atira nos olhos de seu inimigo comanche morto, pois na crença do comanche, a alma dele precisava dos olhos pra cruzar para o mundo espiritual, sem os olhos sua alma estava condenada.

Não me entendam mau, não quero fazer apologia a cultura americana do selvagem maligno e dos exploradores vítimas, já fiz 8 anos e sei que fadas existem mas não são bonitinhas e alegres e sim negras e assustadoras. Lembro de histórias e desastres suficientes pra entender como foi o resultado do choque de duas culturas tão antagônicas. Mas sabe o que fascina? O fato de john ford, através do outro john, o wayne, aceitar esse preconceito (o que, por exemplo, ele sente pelo personagem de jeffrey hunter, um mestiço). A segunda coisa que me encanta? O olho de ford.

A câmera estática flerta com a inocência do público. Nada de ângulos escabrosos e irreais, ela está ali, parada, discreta, e ela está assim, porque o olho de ford sabe que eu tenho que crer que aquilo é real! Tenho que ser encantado pela crueza e possibilidade de tudo aquilo, tenho que saber que é de verdade! A outra manifestação desse olho é nos espaços.

A primeira tomada de "rastros de ódio" (preferi o título em inglês, the searchers), é um avanço discreto de câmera através do vão de uma porta, onde a silhueta de uma mulher com um vestido antigo é recortada diante da paisagem grandiosa, e a medida que essa visão se amplia, nossos olhos são espancados pela grandiosidade do deserto, a sua aridez, que pode esconder um ethan andrews voltando pra casa, é a mesma que continua a seguir seu curso com uma casa queimada.

Não quero estragar o sabor de quem ainda não provou dessa história. Mas semana que vem, na terça-feira, na casa da linguagem, as 18h30m mais uma vez ford nos fará ver por seus olhos. Pode não parecer, mas existe um mundo sob o "mundo" que é belém.

"Is this an invite to a necktie party, Reverend? "





domingo, 4 de maio de 2008

da síndrome da "montanha sagrada"


Existem muitas bandeiras que não me incomodo de carregar quase sozinho. Contudo, essa em específico quero e não quero carregar. Gostei muito de "a montanha sagrada" de jodorowsky (na foto).

Ontem as 21h30m estava esperando os momentos de excitação que antecediam a "sessão maldita". Apesar do vento frio de uma noite chuvosa, a movimentação de carros e pessoas me levarou a crer que talvez não fosse lá tão maldita a tal sessão, mas não era bem assim.

Ontem quando cheguei, ainda havia os resquícios do I jirau de literatura paraense, e além disso o humorista paulo silvino iria se apresentar no margarida schiwazzappa, portanto as roupas caras e perfumes finos que desfilavam pelos pátios eram explicados. Mas a medida que as horas iam fluindo e a marca mística das 21h30m se aproximava o público ia fazendo jus ao nome da sessão.

Pontualmente, sem anúncios, sem introdutórios, as 21h30m o som (altíssimo, quase ao ponto de atrapalhar o entendimento) inundou a sala. Não posso dizer que o filme como um todo foi perfeitamente compreendido, precisaria de mais o dobro de minha vida em experiência pra isso. Mas a falta da compreensão completa não prejudicou a mensagem(!).

Repleto de referencias cristãs e filosóficas de ótima qualidade, com uma contundente crítica social, foram os 114 minutos mais enigmáticos da minha vida.

Valeu a pena.

A forma como as metáforas foram construídas foram sublimes. Meu momento preferido foi a marcha de soldados pelas ruas da cidade levando como estandarte a carcaça de animais mortos. Ou mesmo as doze madalenas em lugar dos doze discípulos que nos levavam a questionar a forma e cara da igreja cristã oficial.

Mas de todos, destaco (mas não revelo) com especial carinho o que deu nascimento a síndrome da montanha sagrada. Pela história e mitologia, mesmo a cristã, elas são onipresentes. São montanhas que em seu cume possuem o conhecimento para se conquistar a morte, alcançar o topo é alcançar a própria imortalidade! Quer seja o sinai que fez de moisés imortal (judas verso 9) ou qualquer outra que o seja. A mais difícil de alcançar,e esse é o grande mistério, é a montanha que reside no topo de nossa mente, aqueles que lá alcançam, libertam-se do corpo e da imagem e vivem como idéias.

Cheguei em casa encharcado de imagens, algumas nunca vou conseguir enxugar, para mal e para bem. Sublime, voltei com dor de cabeça pra casa - literalmente - mas sublime.


sábado, 3 de maio de 2008

da síndrome da "sessão maldita"


- Vais te ocupar no sábado?

- Que horas?

- Tarde, a noite?

- Não.

- Vamos assistir um filme, no centur?

-...

E assim começou, minha busca pessoal e compartilhada para entender qual seria o tal filme, montanha maldita, montanha sagrada, sessão da montanha, uma confusão de termos e adjetivos se espalhava pela minha cabeça.

Algum tempo depois lady sarajevo (quem me convidou) e eu encontramos algo interessante, um texto de fábia martins da associação paraense de jovens críticos. O filme é a montanha sagrada, de um diretor chileno de descendência russa (conta como filme latino americano ou oriental?) a sessão é a chamada maldita no cine líbero luxardo (o centur sabe?).

Imagine as expectativas envolvidas em assistir a um filme chamado "montanha sagrada" na "sessão maldita" as 21h30m? Pelo que encontrei nesse texto que referi o termo advém da exposição de filmes que não fazem parte do circuito comercial em um horário que não faz parte desse mesmo circuito. Ainda não vi o filme, mas a sinopse me deixa antever que é exatamente isso que o filme o é.

Um grupo de nove amigos busca a imortalidade através de processos alquímicos, há a presença de um arquétipo de cristo, que afinal é fundamentalmente um dos únicos imortais na mitologia cristã e uma discussão de valores que determinam a construção social e moral vigente, as narrativas do sonho e da realidade "são complementares do relato". Confusos? Pois é eu também, mas pensem pelo lado bom, eu vou assistir o filme e (sinto) vou ficar muito mais confuso.

As horas de sábado (pra mim um dia sagrado) passam flúidas por mim (como aliás sempre foram pra mim), e enquanto as trevas não vem, fica a expectativa... até onde iremos na montanha pela mão de jodorowsky? Assim que souber eu lhes digo... Bons programas (seguros) de sábado!


A MONTANHA SAGRADA,
ALEJANDRO JODOROWSKY
(the holy mountain, eua, 1973, cor, 114 mim.)


quinta-feira, 1 de maio de 2008

da síndrome do "eterno retorno"


"E se um dia ou uma noite um demônio
se esgueirasse em tua mais solitária solidão
e te dissesse:


Na nossa língua, a maioria das significações da palavra "retorno" tem esse sentindo da volta, do fazer o que se estava fazendo, da retomada.

"Esta vida, assim como tu vives agora e como a viveste,
terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes:
e não haverá nela nada de novo,
cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro
e tudo o que há de indivisivelmente pequeno e de grande em tua vida
há de te retornar,
e tudo na mesma ordem e sequência...


Nietzsche tinha uma historinha que contava que falava sobre um certo demônio que ofereceria a sua vítima o sempre repetir um certo momento, e vivenciar cada emoção (daquele dia ou segundo, depende da perversidade do tinhoso) mais uma vez ou para sempre. O teocida perguntava (retoricamente ou não) se havia alguém que lhe agradeceria por este castigo.

... A eterna ampulheta da existência
será sempre virada outra vez -
e tu com ela, poeirinha da poeira!"


Hoje resolvi "voltar". Se nietzche estiver certo é com razão que uso esse termo, pois tudo na vida é cíclico, nossas emoções, momentos, memórias, são repetições. E a grande pergunta é: amamos essa vida repetida? Abençoamos a este "ser" que nos concede a dádiva de viver uma reptição de momentos? Retornar a escrever é tão diferente de retornar a faculdade? De retornar a trabalhar? Ou de continuar qualquer outra atividade que me foi importante e desafiadora no passado? Merece que eu divulgue publicamente minha decisão como se fora um anúncio?

Não te lançarias ao chão
e rangerias os dentes
e amaldiçoarias o demônio
que te falasses assim?


Se me respondem não, pelo o que vale a pena viver? Se me respondem sim, qual é a grande diferença entre viver e não viver, pois tudo é sempre igual?

Ou viveste alguma vez
um instante descomunal, em que lhe responderías:
"Tu és um deus e nunca ouvi nada mais divino!"


De certa forma concordo com o irmão de elizabeth, sim a vida é uma seqüência de repetições, sendo assim de fato não me afastei do que fazia (pois se a vida se repete, sempre fiz o que fazia). Mas por outro lado discordo dele.

Se esse pensamento adquirisse poder sobre ti,
assim como tu és,
ele te transformaria e talvez te triturasse:


Um homem não pode banhar-se no mesmo rio duas vezes. O homem muda e o rio muda. Parece filosofia de caminhão, mas é um aforismo de heráclito de éfeso (rapaz gente fina com bom gosto pra companhias). O eterno retorno é um fato, mas também é uma utopia.

a pergunta diante de tudo e de cada coisa:

A cada segundo mudamos, aprendemos mais, vivenciamos mais e isso nos faz diferentes. O ser sempre busca identidade, o ser sempre busca o retornar a algo familiar, seguro identificável, mas apesar de tudo sempre retornar, nem nós, nem o que retorna é o mesmo.

"Quero isto ainda uma vez e inúmeras vezes?"

Omnia mutantur nos et mutamur in illis (ou nihil interit).

gaia ciência


* Acordar pela madrugada pode ser mais prazeroso do que dormir até tarde

* O pedro tem cara de moleque até quando dorme

* Um vídeo bobo pode te fazer chorar, mesmo que você o tenha feito

* Nunca prestei atenção que o 1° de maio é dia do trabalho

* Sentimentos são mais eloqüentes que palavras, mas dizer com todas as palavras "eu te amo" envolve muitos sentimentos

* Existem muitos "1° de maio"

* Quem sabe eu ainda mostro um vídeo pra vocês explicando tudo