sexta-feira, 11 de julho de 2008

da síndrome da "idealização da realidade simulada"


"STF manda soltar Daniel Dantas pela segunda vez"

Nos últimos dias os jornais tem dado muita divulgação a operação da polícia federal que prendeu o ex-prefeito de são paulo, aquele empresário de nome engraçado e o banqueiro que tem nome de ator da globo. Até o ministro do STF já disse que tornaram isso um show - também com o nome da operação que foi tirado da cabeça de jogador de rpg - falaram em truculência e um monte de outras coisas.

Uma vez vi numa entrevista um senador dizendo que nosso código penal é muito influenciado pelo trauma da ditadura militar. Tenho 20 e poucos anos, não conheci a ditadura muito a mias que por relatos. Imagino apenas como deva ser revoltante mesmo a memória do que foi feito. Pessoalmente, quer influenciado por esses relatos ou não, acredito que a força do Estado na vida cotidiana deveria ser mínima, mas isso é diferente de impunidade. O banqueiro de nome engraçado está livre de novo. O habeas corpus que foi impetrado alegava que houve uma quebra da hierarquia judicial, afinal de contas, ele havia sido preso pela segunda vez a mando da justiça federal por terem encontrados novas provas que de o moço não era lá muito dado a obedecer a madame justiça. De acordo da defesa do-não-ator-global daniel dantas, a justiça federal foi birrenta e mando prender o moço só porque eles não tinham nada melhor que fazer com a caneta.

A prisão é um negócio muito traumático de explicar legalmente. Como é que você chega e diz pra um carinha vestido de preto que ele tem a envergadura moral de, na base da canetada, acabar com a vida de uma pessoa, tirando os mais elementares direitos de alguém. Não dá pra fazer isso. Mas a gente faz. O lance foi que a gente montou um pá de escusas morais pra que se o cara for mesmo em cana a gente possa dizer pras crianças que o sistema funciona e que a fada dos dentes vai chegar logo.

Bom, o lance é que pro cara ficar preso antes que o carinha de preto diga se ele é realmente culpado, tem uma série de pré-requisitos. Se o futuro preso puder fugir por exemplo, é bom manter o moço em cana, pra garantir que no dia do julgamento não fique faltando uma partezinha. Que bom que vivemos num país onde um banqueiro que ia pagar 1,5 milhões de reais pra um delegado pra se safar, não pode simplesmente ir passar o final-de-semana no caribe né? Putz, que bom mesmo, por que o moço foi solto numa sexta-feira!

*Atualização sintomática:
O carinha de preto, vulgo ministro gilmar mendes (que mandou libertar pela segunda vez o banqueiro), levou a decisão (que mandou prender o daniel dantas) do juiz federal fausto de sanctis (nome invocado né?) ao conselho de justiça. É como se fosse um puxão de orelha no moço que teimou em decidir que tentativa de suborno como aquela era motivo pra deixar o banqueiro de nome global como hóspede da polícia federal. Que coisa não?

sexta-feira, 4 de julho de 2008

da síndrome da "automedicação"



Então, voltei.

Já falei sobre esse lance do retorno com sendo algo bem complicado. Mas de fato aqui estou escrevendo de novo. Pensei que se eu esperasse um pouco eu ia falar menos de mim - se falar mais vou ser piegas - mas enfim, não se pode ter tudo. Então segue uma pílula a conselho mas sem receita, da lady para combater meu estado sorumbático.

Ontem fui ao olímpia. O mais antigo cinema do brasil em atividade. Aquela sala sempre me inspirou respeito, com suas entradas diante da tela. Ali diante da platéia estática, todos tão perto, mas alheios muitas vezes já me senti um fantasma no escuro encarando a vida pálida e distante. Mas ontem não foi assim.

A imagem estava embaçada, deslocada pra esquerda, a exceção de nicole kidman e jack black não conseguia divisar o rosto dos atores, imagine sua expressão ou olhares! A sala ressoava com a respiração adormecida de muitos, apenas uma discussão se destacava. Foi engraçado. Foi confuso. Foi triste. Uma sala que é grandiosa, ser tratada com tamanha falta de respeito é a perfeita definição de tristeza. Os que discutiam deveriam ter sido conduzidos para fora da sala e ir aprender a conviver em espaços públicos (um senhor de cabelos brancos ofendeu a uma senhora acompanhada do seu marido a chamando de feia! Deus, eu tava esperando tocar a campa do recreio), o projetor deveria ter sido colocado na sala de projeção que por algum motivo estava desativada, deveriam tentar ligar o som, era impossível ouvir, enfim.

Outra pílula; encontraram o padre adeli.

"A automedicação pode agravar o quadro."