quinta-feira, 1 de maio de 2008

da síndrome do "eterno retorno"


"E se um dia ou uma noite um demônio
se esgueirasse em tua mais solitária solidão
e te dissesse:


Na nossa língua, a maioria das significações da palavra "retorno" tem esse sentindo da volta, do fazer o que se estava fazendo, da retomada.

"Esta vida, assim como tu vives agora e como a viveste,
terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes:
e não haverá nela nada de novo,
cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro
e tudo o que há de indivisivelmente pequeno e de grande em tua vida
há de te retornar,
e tudo na mesma ordem e sequência...


Nietzsche tinha uma historinha que contava que falava sobre um certo demônio que ofereceria a sua vítima o sempre repetir um certo momento, e vivenciar cada emoção (daquele dia ou segundo, depende da perversidade do tinhoso) mais uma vez ou para sempre. O teocida perguntava (retoricamente ou não) se havia alguém que lhe agradeceria por este castigo.

... A eterna ampulheta da existência
será sempre virada outra vez -
e tu com ela, poeirinha da poeira!"


Hoje resolvi "voltar". Se nietzche estiver certo é com razão que uso esse termo, pois tudo na vida é cíclico, nossas emoções, momentos, memórias, são repetições. E a grande pergunta é: amamos essa vida repetida? Abençoamos a este "ser" que nos concede a dádiva de viver uma reptição de momentos? Retornar a escrever é tão diferente de retornar a faculdade? De retornar a trabalhar? Ou de continuar qualquer outra atividade que me foi importante e desafiadora no passado? Merece que eu divulgue publicamente minha decisão como se fora um anúncio?

Não te lançarias ao chão
e rangerias os dentes
e amaldiçoarias o demônio
que te falasses assim?


Se me respondem não, pelo o que vale a pena viver? Se me respondem sim, qual é a grande diferença entre viver e não viver, pois tudo é sempre igual?

Ou viveste alguma vez
um instante descomunal, em que lhe responderías:
"Tu és um deus e nunca ouvi nada mais divino!"


De certa forma concordo com o irmão de elizabeth, sim a vida é uma seqüência de repetições, sendo assim de fato não me afastei do que fazia (pois se a vida se repete, sempre fiz o que fazia). Mas por outro lado discordo dele.

Se esse pensamento adquirisse poder sobre ti,
assim como tu és,
ele te transformaria e talvez te triturasse:


Um homem não pode banhar-se no mesmo rio duas vezes. O homem muda e o rio muda. Parece filosofia de caminhão, mas é um aforismo de heráclito de éfeso (rapaz gente fina com bom gosto pra companhias). O eterno retorno é um fato, mas também é uma utopia.

a pergunta diante de tudo e de cada coisa:

A cada segundo mudamos, aprendemos mais, vivenciamos mais e isso nos faz diferentes. O ser sempre busca identidade, o ser sempre busca o retornar a algo familiar, seguro identificável, mas apesar de tudo sempre retornar, nem nós, nem o que retorna é o mesmo.

"Quero isto ainda uma vez e inúmeras vezes?"

Omnia mutantur nos et mutamur in illis (ou nihil interit).

gaia ciência


* Acordar pela madrugada pode ser mais prazeroso do que dormir até tarde

* O pedro tem cara de moleque até quando dorme

* Um vídeo bobo pode te fazer chorar, mesmo que você o tenha feito

* Nunca prestei atenção que o 1° de maio é dia do trabalho

* Sentimentos são mais eloqüentes que palavras, mas dizer com todas as palavras "eu te amo" envolve muitos sentimentos

* Existem muitos "1° de maio"

* Quem sabe eu ainda mostro um vídeo pra vocês explicando tudo

Um comentário:

Lady Sarajevo disse...

Belo!!
A história.
A vivência.
Tudo é.

Beijo.
Amo-te.