domingo, 24 de fevereiro de 2008

da síndrome de "ave atque vale"

Há muito tempo atrás, numa galáxia muito distante, um jovem a cavaleiro jedi ao conversar com o seu irmão de lutas falou sobre escritos antigos de um grande mestre de segredos imorais (sim imorais e não imortais). Esse mestre chamava-se alan moore, e os escritos atendiam pelo nome de "v for vendetta". Àquele tempo contudo nada foi levado a sério.

Mas erros assim não persistem pra sempre. Esse cavaleiro jedi, que vos escreve, se tornou um sith (enfim o que se fazer né?), e li "v de vingança". Nossa, e como li! Durante meses lia as cinco revistas pelo menos uma vez por semana. Eu ouso dizer que "v" (ou codinome v que achei muito mais divertido) foi/é o meu vilão preferido (sim senhoras e senhores, não se deixem enganar pelo filme, v é um vilão, esse é o preço de escolher a vingança).

Agora, depois do filme, com certeza falar sobre o enredo seria tolice, todos vocês conhecem, ainda que o da hq seja diferente, bom se estiverem curiosos leiam. O fato foi que durante meses eu li v de vingança e sempre uma frase me chamava a atenção: "ave atque vale".

Por algum motivo algumas pessoas acham que eu entendo latim. Não entendo. Curso direito na faculdade, mas não entendo latim. Palavras isoladas montam significados aproximados e isso me ajuda a entender. Pronto, nada demais. Digo isso por que eu me perguntava o significado da frase. A personagem que a usava, logo após dizia outra que eu tinha certeza que era seu significado ("hail and farewell), mas quando digo significado, me refiro a essência, a referência de onde ela foi retirada. Naquele momento da história era muito importante, eu não podia deixar de entender.

Alguma pesquisa depois eu descobri que se tratava de um poema de um certo senhor romano chamado gaius valerius catullus, da velha escola (muito velha na realidade, se você considerar que o sr. catullus morreu em 54 a.C.). Falava sobre amizade imorredoura. Sobre distâncias e abismos que podem ser superados, mesmo que a razão diga o diferente.

Hoje recebi meus amigos em minha casa. Não tenho lá muitos amigos, mas são os melhores! Eu achei que entendia o significado do poema e o motivo de sua citação. Estava errado. Hoje sei que não entendo o poema e o motivo de sua citação, mas sei que o entendo melhor. Entendo melhor o que é amar a grandes distâncias e superar desafios incomensuráveis! Entendo melhor a força da amizade e a alegria que uma tarde pode ter com cartas e amigos ao redor de uma mesa ("cara não levanto dessa mesa por nada!"). O poema é triste (é fúnebre), mas não o que ele representa. E é pelo símbolo que me intriguei. Pelo símbolo me alegro, pelo símbolo é que o transcrevo.

Apesar de ser verdade sobre todos os tipos de amor, o poema falava sobre amizade. Uma amizade que nunca morre. E hoje sentado diante do computador lembro de cada amigo, os de perto e os de longe, lembro dos desafios e lembro da sensação de olhar ao redor de si e pensar: "esses daqui são irmãos pra toda a vida!"


Ave atque Vale*
(Olá e Adeus)

Por muitos países e através de muitos mares
Eu vim, irmão, para estes ritos tristes,
Para prestar esta última honra aos mortos,
e falar (com que propósito?) para suas cinzas silentes,
Agora o destino o tomou, até mesmo você, de mim.
Oh, irmão, arrancado de mim de forma tão cruel,
Agora pelo menos leve estas últimas oferendas, abençoadas
pelas tradições dos nossos pais, dádivas aos mortos.
Aceite, o que por costume, as lágrimas de um irmão representam,
e, pela eternidade, irmão "Ave atque Vale".

gaius valerius catullus





*É uma livre tradução para o português com base em uma tradução do inglês, pois como eu já disse, sou péssimo em latim.


3 comentários:

Lady Sarajevo disse...

bem vindo de volta....

"hail"

Interferência disse...

Isso lembra outra frase, "Lá e de volta outra vez".

E outra vez não levantarei da mesa, rs.

thiago hakai-so disse...

Nenhum de nós levantará!

rs