domingo, 4 de maio de 2008

da síndrome da "montanha sagrada"


Existem muitas bandeiras que não me incomodo de carregar quase sozinho. Contudo, essa em específico quero e não quero carregar. Gostei muito de "a montanha sagrada" de jodorowsky (na foto).

Ontem as 21h30m estava esperando os momentos de excitação que antecediam a "sessão maldita". Apesar do vento frio de uma noite chuvosa, a movimentação de carros e pessoas me levarou a crer que talvez não fosse lá tão maldita a tal sessão, mas não era bem assim.

Ontem quando cheguei, ainda havia os resquícios do I jirau de literatura paraense, e além disso o humorista paulo silvino iria se apresentar no margarida schiwazzappa, portanto as roupas caras e perfumes finos que desfilavam pelos pátios eram explicados. Mas a medida que as horas iam fluindo e a marca mística das 21h30m se aproximava o público ia fazendo jus ao nome da sessão.

Pontualmente, sem anúncios, sem introdutórios, as 21h30m o som (altíssimo, quase ao ponto de atrapalhar o entendimento) inundou a sala. Não posso dizer que o filme como um todo foi perfeitamente compreendido, precisaria de mais o dobro de minha vida em experiência pra isso. Mas a falta da compreensão completa não prejudicou a mensagem(!).

Repleto de referencias cristãs e filosóficas de ótima qualidade, com uma contundente crítica social, foram os 114 minutos mais enigmáticos da minha vida.

Valeu a pena.

A forma como as metáforas foram construídas foram sublimes. Meu momento preferido foi a marcha de soldados pelas ruas da cidade levando como estandarte a carcaça de animais mortos. Ou mesmo as doze madalenas em lugar dos doze discípulos que nos levavam a questionar a forma e cara da igreja cristã oficial.

Mas de todos, destaco (mas não revelo) com especial carinho o que deu nascimento a síndrome da montanha sagrada. Pela história e mitologia, mesmo a cristã, elas são onipresentes. São montanhas que em seu cume possuem o conhecimento para se conquistar a morte, alcançar o topo é alcançar a própria imortalidade! Quer seja o sinai que fez de moisés imortal (judas verso 9) ou qualquer outra que o seja. A mais difícil de alcançar,e esse é o grande mistério, é a montanha que reside no topo de nossa mente, aqueles que lá alcançam, libertam-se do corpo e da imagem e vivem como idéias.

Cheguei em casa encharcado de imagens, algumas nunca vou conseguir enxugar, para mal e para bem. Sublime, voltei com dor de cabeça pra casa - literalmente - mas sublime.


Um comentário:

Lady Sarajevo disse...

o filme é ótimo!
Sempre quis ver um filme que tivesse o mesmo final de 'the holly mountain', enfim... consegui. E definitivamente gostei!

:D