terça-feira, 6 de maio de 2008

da síndrome de "john ford"

Opa! Segundo post seguido falando de filmes, pelo jeito isso aqui vai ficar parecendo um blog de cinema - ha! That'll be the day! (Até parece...)

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Sendo rápido, john ford é um gênio! Os traços de sua obra estão vivos até hoje. Há poucos minutos estava lendo um blog de amigos, eles fizeram uma lista de heróis e colocaram no topo dela o batman. Concordo com eles, e se eu concordo devo a john ford.

Ele foi um dos primeiros diretores a destacar o personagem amoral, que não tem vergonha de odiar seu inimigo, de cumprir votos vencidos e enxergar a futilidade de certos "luxos" civilizados. E se estou falando isso foi graças a volta do "cinema na casa", um conjunto de exposições de filmes, nos moldes de um cineclube (ou seja na faixa, de graça, sem pagar nada e totalmente gratuito), todas as terças-feiras as 18h30m na "casa da linguagem", em frente a yamada na avenida nazaré (logo no início) ao lado do prédio do inss, n.° 31, coordenadas no google earth 34 08 00.40 N 118 19 17.28 W. Durante todo o mês de maio, será o ciclo john ford. As quatro exibições serão:

“rastros de ódio”, (foi hoje)
“paixão de fortes”, (13/5)
“o homem que matou o facínora” (20/5) e
"no tempo das diligências" (27/5),

Uma das cenas que mais me encanta é quando o personagem de john wayne (ethan andrews) atira nos olhos de seu inimigo comanche morto, pois na crença do comanche, a alma dele precisava dos olhos pra cruzar para o mundo espiritual, sem os olhos sua alma estava condenada.

Não me entendam mau, não quero fazer apologia a cultura americana do selvagem maligno e dos exploradores vítimas, já fiz 8 anos e sei que fadas existem mas não são bonitinhas e alegres e sim negras e assustadoras. Lembro de histórias e desastres suficientes pra entender como foi o resultado do choque de duas culturas tão antagônicas. Mas sabe o que fascina? O fato de john ford, através do outro john, o wayne, aceitar esse preconceito (o que, por exemplo, ele sente pelo personagem de jeffrey hunter, um mestiço). A segunda coisa que me encanta? O olho de ford.

A câmera estática flerta com a inocência do público. Nada de ângulos escabrosos e irreais, ela está ali, parada, discreta, e ela está assim, porque o olho de ford sabe que eu tenho que crer que aquilo é real! Tenho que ser encantado pela crueza e possibilidade de tudo aquilo, tenho que saber que é de verdade! A outra manifestação desse olho é nos espaços.

A primeira tomada de "rastros de ódio" (preferi o título em inglês, the searchers), é um avanço discreto de câmera através do vão de uma porta, onde a silhueta de uma mulher com um vestido antigo é recortada diante da paisagem grandiosa, e a medida que essa visão se amplia, nossos olhos são espancados pela grandiosidade do deserto, a sua aridez, que pode esconder um ethan andrews voltando pra casa, é a mesma que continua a seguir seu curso com uma casa queimada.

Não quero estragar o sabor de quem ainda não provou dessa história. Mas semana que vem, na terça-feira, na casa da linguagem, as 18h30m mais uma vez ford nos fará ver por seus olhos. Pode não parecer, mas existe um mundo sob o "mundo" que é belém.

"Is this an invite to a necktie party, Reverend? "





2 comentários:

Lady Sarajevo disse...

o q seria de vc sem mim? haha
pelas duas postagens (essa e a anterior), uma consequência da outra, temporalmente consequente...

:D

Lady Sarajevo disse...

o filme, é claro, esplêndido!