quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

da síndrome das "pequenas letrinhas"


Um grande amigo me perguntou do motivo pelo qual eu uso letras minúsculas pra me referir a nomes próprios. Afinal essa é uma das regras mais elementares da nossa língua. Na realidade me perguntava se alguém iria perceber, quem o faria e quando.

E de certa forma isso me dá ensejo pra falar de algo que quero muito. Se por algum motivo alguém achar que a conexão entre assuntos que faço é ruim, não me desculpem. Vocês provavelmente estão certos, e eu dificilmente vou mudar isso.

Classificamos os nomes próprios como os nomes aos quais damos personalidade. Não são apenas nomes de pessoas no sentido estrito, mas são nomes que indicam personalidade. Um exemplo pra que meu ponto de vista fique mais claro. Na história de matrix, um rôbo foi o primeiro a assassinar um humano. Nas crônicas de animatrix ("segundo despertar"), esse rôbo é conhecido como b166er. Esse é seu nome e seu modelo. Portanto é sua denominação como objeto. Os modelos b166 eram modelos caseiros, era passível sua utilização sem a inicial maiúscula, seria uma metonímia da marca pelo produto. Todavia, quando o nosso b166 em questão, mata um humano, ele passa a ser o sr. b166 (com letra maiúscula).

No inglês o pronome "I" é escrito com letra maiúscula por regra. Ele é escrito dessa forma não apenas pra facilitar a diferenciação no texto, e sim porque este pronome agrega personalidade. O pronome I já foi definido como sendo "o sentido geral de tudo que é você e que faz parte de você, quer seja conhecido ou privado" (não lembro a fonte, mas acreditem, não foi eu). O fato de agregar personalidade é o fato que faz o I ser escrito com letra maiúscula.

Aqui, por mórbida decisão, não usarei dessa prática (letras maiúsculas em nomes próprios). Não porque não creia que a personalidade seja parte integrante do indivíduo. Mas porque creio que usar a letra maiúscula é uma prática que me desagrada.

Harbemas (aqui com letra maiúscula por iniciar a frase), foi quem disse: "o primeiro meio de controle é a linguagem". Afinal, a sanção social recai sobre aquele que não escreve de forma correta. Em parte por imposição, e em parte por positivação.

Sem um mínimo de coerência seria impossível compreender o que se escreve ou fala. Todavia, certas pesquisas mostram que se somente as letras inicias e finais estiverem na ordem certa, as outras podem estar embaralhadas, e nós edtneneomrs o que se quer dizer. Contudo, por nossa própria vontade haverá a imposição de sanções pessoais ao texto daquela pessoa.

Mas voltemos a letra maiúscula. A expressão da personalidade. Mas podemos dizer que o sinal lingüístico da letra maiúscula é o que determina essa personalidade? De certo que não. Não há necessidade da letra maiúscula pra entender que se fala de um ser humano com aspirações e sonhos. E isso nos força a ver os nomes como objetos (que é o que nosso costume lingüístico promove, substantivos com letra minúscula no início são substantivos comuns). E nos força a pensar o que pra nós são seres humanos. Essa pequena letra no inicio das palavras, tem o poder de determinar o que pensamos? Precisamos dela pra expressar esse sentido?

Construímos nossa sociedade de um jeito bem interessante. Os dominados são usados como seu alicerce. É com base na exploração deles que construímos o nosso bem estar, e nós, pela dominação a nós exercida, construímos o bem estar de alguém.

Mudar uma letra num blog vai adiantar de alguma coisa? Obviamente não!

Libertará alguém? O próprio escritor pelo menos menos? Tão pouco.

Isso é só um ponto de vista, um protesto tolo, contra essas pequenas letrinhas.

Um comentário:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.