Suplica a Brisa...
Noite, das estrelas parteira e coveiro
Em vossa honra, agora careço
Pois de minha alcova o mais escondido troféu
Que, quando morrem as luzes me leva ao léu
Que por minha língua e por minha pele
E por meu sangue, o que esta serva oferece
Busquei, e lutei pra que por mim se grave
O dragão, não de sonho, mas de jade.
Este tesouro, com minha boca te dou.
Diz-me te peço, o que o espírito calou.
E mostra-me, suplico, como devorar o sonho,
E como este animal, um simples tacanho.
Pode tomar o destino
Daquele, que desgraçadamente amo.
De humano é sua comida e sua bebida
E eu fera, desesperadamente perdida.
Ele não me vê como sua igual.
E não haverá amor tal.
Eu me calarei para resignar
Ao meu silêncio de besta e amar.
Mas se posso, e é melhor, com o meu destino
Sacrificar e mudar seu sino.
Diz-me então noite infinita, pois sou raposa
Verás que sou uma besta fera bem astuta.
A Noite troveja...
Tu sabes a resposta que procuras
De noite e de dia abrirás teus olhos, e perscruta
E vede, que de seu sonho te alimentes
E será teu destino seres,
Alguém que vê e que ausculta,
Tua escolha, criança te fará defunta.
Tu serás uma sombra, que em teus parcos dias não encontrarás
Teu amor e teus sonhos. Levarás como teu pendão, tua paz.
Persevera o Hálito...
Meu destino conheço e disposta estou,
O triste fado de um grou.
Se tão somente para ele eu for
A luz que tire do torpor
Pálido que a morte obriga
Inda que tenha meus sentimentos como inimiga
Eu ainda chorarei em montanhas longínquas
A dor que desde já me queima contínua.
Esfria a Treva...
Tu chorarás as dores que tu te causaste
E poder para que tu de sentir-la cessasse
Reside na tua escolha. Acaso não querias
Aquele templo de cobertura e guarita?
Toma o espólio que o destino te deu.
Para que diante do sol usarás um véu?
Ou te vai, e esquece pra sempre esse monge
Fica velha, tem sorte, e morre do que o tempo te tange.
Afirma o Suspiro...
De que adiantaria viver ditosa
Ou ser de muito formosa?
E saber que estaria morto
O que transforma em luz o torvo.
Melhor pra mim sempre seria
Saber que diante da noite fria.
Eu disse com a alegria já do além
Que eu o amaria e morreria como ninguém...
Nasce o Sol...
Pois contigo de agora em diante,
Mesmo em meu nascer retumbante.
Morrerei, e a cada segundo em branco
Pintarei em tua homenagem e tanto
A dor que sentes e a morte que escolhes.
E não haverá nunca quem olhe
A lua que no escuro se encolhe
E, talvez sem saber, por ti chore.
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