domingo, 6 de janeiro de 2008

da síndrome do "vento e da escuridão"


Suplica a Brisa...

Noite, das estrelas parteira e coveiro

Em vossa honra, agora careço

Pois de minha alcova o mais escondido troféu

Que, quando morrem as luzes me leva ao léu

Que por minha língua e por minha pele

E por meu sangue, o que esta serva oferece

Busquei, e lutei pra que por mim se grave

O dragão, não de sonho, mas de jade.


Este tesouro, com minha boca te dou.

Diz-me te peço, o que o espírito calou.

E mostra-me, suplico, como devorar o sonho,

E como este animal, um simples tacanho.

Pode tomar o destino

Daquele, que desgraçadamente amo.

De humano é sua comida e sua bebida

E eu fera, desesperadamente perdida.

Ele não me vê como sua igual.

E não haverá amor tal.

Eu me calarei para resignar

Ao meu silêncio de besta e amar.

Mas se posso, e é melhor, com o meu destino

Sacrificar e mudar seu sino.

Diz-me então noite infinita, pois sou raposa

Verás que sou uma besta fera bem astuta.

A Noite troveja...

Tu sabes a resposta que procuras

De noite e de dia abrirás teus olhos, e perscruta

E vede, que de seu sonho te alimentes

E será teu destino seres,

Alguém que vê e que ausculta,

Tua escolha, criança te fará defunta.

Tu serás uma sombra, que em teus parcos dias não encontrarás

Teu amor e teus sonhos. Levarás como teu pendão, tua paz.

Persevera o Hálito...

Meu destino conheço e disposta estou,

O triste fado de um grou.

Se tão somente para ele eu for

A luz que tire do torpor

Pálido que a morte obriga

Inda que tenha meus sentimentos como inimiga

Eu ainda chorarei em montanhas longínquas

A dor que desde já me queima contínua.

Esfria a Treva...

Tu chorarás as dores que tu te causaste

E poder para que tu de sentir-la cessasse

Reside na tua escolha. Acaso não querias

Aquele templo de cobertura e guarita?

Toma o espólio que o destino te deu.

Para que diante do sol usarás um véu?

Ou te vai, e esquece pra sempre esse monge

Fica velha, tem sorte, e morre do que o tempo te tange.

Afirma o Suspiro...

De que adiantaria viver ditosa

Ou ser de muito formosa?

E saber que estaria morto

O que transforma em luz o torvo.

Melhor pra mim sempre seria

Saber que diante da noite fria.

Eu disse com a alegria já do além

Que eu o amaria e morreria como ninguém...

Nasce o Sol...

Pois contigo de agora em diante,

Mesmo em meu nascer retumbante.

Morrerei, e a cada segundo em branco

Pintarei em tua homenagem e tanto

A dor que sentes e a morte que escolhes.

E não haverá nunca quem olhe

A lua que no escuro se encolhe

E, talvez sem saber, por ti chore.

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